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Principiante das artes marciais usa uma faixa branca que segundo a tradição significa inocência. Com o passar do tempo, a faixa encarde pelo manuseio e uso: por isso o segundo estágio desse aprendizado é representado por uma faixa marrom. Quanto mais tempo se passa, mais escura a faixa se torna, até atingir o preto – o estágio da faixa preta. Com mais uso ainda, a faixa preta gasta-se, ficando quase branca, significando que aquele que a usa está voltando para a fase de inocência – uma característica Zen da perfeição humana.
Muitos sistemas de artes marciais tem faixas cujas cores variam do branco para o marrom, bem como gradações de marrom e preto, como a lembrar constantemente o aluno que há mais para aprender além de toda a proficiência que ele já possa ter. Essa concientização vale inclusive para os mestres, cada um deles teve um mestre antes dele.
Ed Parker por exemplo se considerava um novato se comparado a Willian Chow, seu mestre no Havai. Mestre Bong Sonn Han fala com reverência do seu mestre na Coréia, Yong Sul Choi. Bruce Lee falava sempre com admiraçõa do seu mestre em Hong King, Yip Man. Stan Schmidt, da Africa do Sul, atravessa meio mundo até Los Angeles, uma vez por ano, a fim de estudar com seu mestre Nishyama, enquanto que Camilla Fluxman, de Los Angeles retorna ao lar na Africa do Sul sempre que deseja estudar com seu mestre, Stan Schmid. Este círculo infinito de estudantes e mestres dá tanto ao professor como ao aluno a sensação de fazer parte de um contínuo aprendizado.
Minha experiência no aprendizado das artes marciais tem sido sempre uma escada com incontáveis degraus. A cada degrau galgado, o objetivo – unificação espiritual e física da mente e corpo – parece mais próximo. Mas existem sempre degraus em que o aprendizado parece parar e a escada serpenteia infinitamente para o alto. Nessas ocasioões, senti-me não raro frustrado e desanimado. Comentei essa experiência com companheiros da arte marcial, e todos admitiram chegar de tempos em tempos a esse estágio. A experiência é comum a todos nós.
George Waite, meu bom amigo e orientador, lembra-se de quando ainda era faixa marrom no Karate, e de como ficava desanimado ao ver alguem melhor que ele.Quando isso acontecia, disse ele, eu costumavva ir ao Dojo e olhar os faixas brancas. Eu via que comparado a eles, eu era bom. Mas depois eu me voltava para os faixas pretas e sentia-me de novo motivado, vendo quão melhor eu poderia me tornar. Quando finalmente me tornei faixa preta, percebi que de fato não sabia nada comparado ao meu Sensei, e continuei desanimado até ouvir ele contar a história do seu mestre.
Apesar de muitos anos de estudo nas artes marciais reconheço que sei pouco realmente, comparado aos verdadeiros mestres. Somente me expondo constantemente diante de alguém melhor que eu é que conseguirei progredir. Esse é o motivo de inspiração: saber que até os mestres tem mestres e que somos todos aprendizes.
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