William Kwai-Sun Chow nasceu em Honolulu em 03 de Julho de 1914. Seu pai era chinês e sua mãe havaiana. Como filho mais velho, herdou assim o direito de aprender Kung Fu com seu pai. Seu pai “Hoon Chow” havia migrado de Xangai para o Hawai. Hoon foi criado e treinado para tornar-se monge budista. Este treinamento incluía o sistema de Kung Fu de sua família, baseado no Shaolin Chuan-Fa, havendo sido transmitido através de gerações de pai para filho.

Quando Hoon deixou a China para ir ao Hawai abandonou a vida monástica. Com a idade de 7 anos William iniciou seu treinamento com seu pai. Como era costume na cultura chinesa, não era permitido ensinar artes marciais aos estrangeiros. Assim, quando William começou a ensinar nos anos 30 sua classe era limitada a um seleto grupo de amigos.-

No decorrer da vida de William Chow, o Hawai se transformou em uma amalgama de nacionalidades e idéias conflitivas, e incidentes violentos faziam parte do dia a dia. Ter conhecimento em artes marciais significava sobrevivência, especialmente para os asiáticos, temerosos com a má sorte de encontros casuais com soldados americanos alcoolizados.-

Sem as artes marciais esses homens nunca teriam sido capazes de se defender contra os americanos e samoanos que normalmente eram fisicamente maiores que os asiáticos. Como o Hawaii era um poço mesclador de várias culturas asiáticas, oferecia uma oportunidade sem precedentes para se estudar artes marciais.
Mesmo tendo grandes conhecimentos em Kung-Fu quando conheceu James Mitose em 1942, William Chow deu boas vindas a oportunidade de aumentar seus conhecimentos nas artes marciais.
Juntos formaram o “Clube de Defesa Pessoal”. Mitose foi escolhido por Chow e os outros membro para dirigir o clube. O sistema da família de Mitose se chamava kosho Ryu kempo Jiu-jitsu.

Mitose (que nasceu em 30 de dezembro de 1915 no Hawaii) foi levado ao Japão com quatro anos de idade, para receber educação formal, retornando em 1936 ao Hawaii quando começou a ensinar técnicas de defesa pessoal aos cadetes da R.O.T.C. na universidade do Hawaii. Durante esse período praticou também Karate de Okinawa e judô no dojo do Sensei Henry Okazaki em Honolulu.

No clube de defesa pessoal, Chow e Mitose passaram três anos trocando conhecimentos, e aprimorando técnicas. Chow, junto com Thomas Young, eram instrutores assistentes. Young por sua vez, também possuía experiência em Kung Fu.

Por volta de 1946 (as datas diferem de acordo com as fontes) Mitose graduou Chow faixa preta no sistema kosho Ryu. Pouco tempo depois, separaram-se. Ainda que não tenha sido uma separação amistosa, ambos aprenderam muito um com o outro trocaram visitas em suas escolas até Mitose partir de Honolulu em 1953.
Chinese Kenpo
Quando chow deixou a escola de Mitose, chamou seu sistema de Chinese Kenpo Karate. Mitose havia usado a terminologia da escritura japonesa no Kempo (escrito com m). Chow a mudo para Kenpo, para demonstrar que o sistema que ele ensinava não era o mesmo do de Mitose.
Ele também adotou o termo “KARATE”, que era um termo usado para designar sistemas de Okimawa e também na época era o que a população de forma geral conhecia como arte marcial. Na década de 80 quando o termo Ke(n)po tornou-se popular, Chow passou a usar a nomenclatura japonesa de kempo, para separar seu sistema “Chinese Kara-Ho kempo ” dos subsistemas do Kara-Ho.
A mudança na escrita não foi à única que Chow realizou. Ainda que no sistema de Mitose existissem muitas técnicas, eram em sua maioria lineares. Chow agregou técnicas circulares ao sistema. Era um inovador constante, que estava sempre experimentando novas idéias. O Chinese Kenpo de Chow enfatizava técnicas em uma sucessão rápida de golpes em áreas vitais do corpo.
Os golpes se mantinham simples e eficientes. Os movimentos longos e floreados do kung-fu não eram mais usados As mão se mantinham próximas ao corpo nas defesas, e não na cintura. No início não eram ensinados Katas no Chinese Kenpo. As bases eram praticadas eventualmente para desenvolver força e velocidade. Chow desenvolveu doze “linhas” (sets em duplas) para simular situações reais de defesa pessoal. O defensor devia responder aos ataques com velocidade e golpes múltiplos com chutes, socos, torções e projeções. A maior parte do treinamento era em full contact.
Evolução
O Chinese Kenpo continuou evoluindo através dos anos. Nos anos 70 um dos faixas preta formados por Chow, Samuel Alama Kuoha, um oficial de polícia na Califórnia, começou a fazer viagens freqüentes para Honolulu para continuar seu treinamento com Chow. Kuoha, que testou seus conhecimentos nas duras rusa de San Diego, havia começado a estudar outras artes marciais e também se graduado faixa preta em Aikido. Compartilhou o que havia aprendido com Chow, e o resultado foi a adição de técnicas “suaves” (características do Aikido) ao Chinese Kenpo.
Pioneiros
Devido ao seu vasto conhecimento dentro das artes marciais e sua grande habilidade para combate, Chow tornou-se uma lenda no Hawaii, artistas marciais de todo país afirmavam falsamente que haviam sido seus alunos, somente para aumentar a sua reputação. Deve-se entender que Chow não era um homem de natureza violenta, mas o tempo violento em que ele viveu, às vezes exigia respostas violentas.
William K.S. Chow nunca teve uma escola fora do Hawaii, e assim, milhares de Kenpoistas de todo mundo podem rastrear facilmente suas raízes até ele. Chow, o grande inovador, ensinou sua arte a estudantes que se converteriam em fundadores de seus próprios sistemas de Kenpo.
Adriano Emperado que treinou com James Mitose e Chow. Recém iniciado os anos 40 recebeu sua faixa preta de Chow. Em 1947, juntou-se a Walter P.Y.Y. Choo, um praticante de Tang Soo Do Frank Ordonez, do Jiu jitsu, Joseph Holck, judoca, e Clarence Chiang, do Sil-Lum kung-fu. Juntos formaram a “Black Belt Club. Por três anos treinaram juntos, criando assim o “kajukenbo”, que combina karate (ka), judô e jujitsu (ju), kenpo (ken) e boxe chinês(bo). Este sistema se tornou em um sistema de defesa pessoal muito popular e de grande eficiência.
O Kajukenbo deu origem a outros sistemas, como o kenkabo , uma combinação de kenpo, karate e Kung Fu. Al Dacascos, praticante de Kenkabo é tão famoso quanto Emperado. Foi a primeira estrela de torneios de Kung Fu. Fundou seu próprio sistema, Wun Hop kuen Do em 1959. Este sistema tem uma forte influencia do kung-fu.
Certamente o mais famoso de todos os estudantes de Chow foi Ed Parker. Parker, um nativo havaiano, treinou com Chow na década de 40. Recebeu sua faixa preta das mãos de Chow em 1951. Em 1954, enquanto estudava na Universidade Brigham Young, Parker introduziu o kenpo no continente Americano. Começou ensinando os seus colegas havaianos. Eventualmente, lhe foi pedido para fazer uma demonstração no intervalo de uma partida de basketball. O número de estudantes cresceu a tal ponto que se viu obrigado a alugar um ginásio. Em 1956 se mudou para Pasadena, Califórnia.
Com o passar do tempo, Parker agregou novos elementos ao Chinese Kenpo, e criou seu próprio sistema, o qual chamou de “American kenpo karate”. Até hoje, se seguem as mudanças no sistema de Parker, sempre se inovando e agregando novos conceitos, assim, este é o estilo de Kenpo mais amplamente praticado no mundo.
De todos os estudantes de Parker, os mais conhecidos por desenvolver seus próprios sistemas foram Ralph Castro e Tino Tuilosega. Castro, que havia sido estudante de Chow e de Parker, recebeu sua Faixa preta em 1958. Segui combinando o ambos os sistemas e o batizou de Shaolin Kenpo. Tino Tuilosega, outro faixa preta no kenpo americano de Parker, fundou o “Lima Lama” em 1968.
Dado que as escolas de kenpo são tão prolíficas, é evidente que com o tempo, mais subsistemas serão desenvolvidos.
A Lenda Vive
Em 21 de setembro de 1987 William K.S. Chow faleceu inesperadamente devido a uma reação produzida por uma prescrição médica. Chow passou o comando do sistema a seu estudante Samuel Kuoha, que atualmente reside na California. Com Kuoha, o Kara-Ho kenpo tem vivido um crescimento sem precedentes. Além do sistema de Parker, Castro, Emperado e Kuoha continuarem se desenvolvendo e expandindo, são todos um testamento da la visão e grandeza de um dos maiores e mais inovadores das artes marciais de século XX, William Kwai-sun Chow.
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